Violência contra as mulheres na mira em Moreno
Após duas tentativas de assassinato, cujo agressor foi o próprio companheiro, na primeira ficando paraplégica, seguida de negligências do Estado brasileiro, a sobrevivente Maria da Penha Maia Fernandes escreveu um livro e foi atrás de justiça. A partir daí surgiu a Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340), em 2006, como mecanismo de prevenção e punição da violência doméstica no Brasil. O município de Moreno está engajado nesta luta e na manhã desta quinta-feira (26/10), a Prefeitura, através da Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, realizou o Seminário sobre a Lei Maria da Penha e trouxe a renomada delegada e chefe do Departamento de Polícia da Mulher do Estado, Gleide Ângelo, para palestrar.
De acordo com o Mapa da Violência 2015: Homicídio de Mulheres no Brasil (Flacso/OPAS-OMS/ONU Mulheres/SPM, 2015), em 2013 foram 13 homicídios femininos diários. Seja por medo, por dependência financeira, pressão social ou por amor idealizado, não importa a causa, a verdade é que muitas mulheres ainda têm medo de denunciar as violências sofridas. “Tivemos em Moreno neste ano 15 casos de estupros registrados, temos que dar as mãos para acabar com isto. Infelizmente é dentro de casa que acontece a maioria das violências contra as mulheres”, declarou a secretária de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, Vera Letícia.
De acordo com o prefeito Vavá Rufino o município vem trabalhando para reduzir a violência. “Já fui gestor quatro vezes, antigamente se colocava a responsabilidade apenas para o Estado, hoje acredito que os municípios têm que se envolver, tem que entrar. A diminuição da violência só vai ter resultado se as ações forem integradas. Hoje já temos 13 comissões de ordem pública nas comunidades”, enfatizou.
A palestrante, delegada Gleide Ângelo, emocionou e prendeu a atenção dos presentes com a Lei e as violências sofridas pelas mulheres. “Tem mulher que nunca levou um murro, mas leva um tapa na alma diariamente. A lei não é para perseguir homem, é para proteger mulheres e para punir criminoso. Muitas mulheres acreditam que o agressor pode mudar, mas não vai mudar, elas estão abaladas psicologicamente e em muitos casos não têm apoio, não temos que julgar, temos que ajudar. São vários tipos de violência, como moral, psicológica e sexual. Não é só a física. E combater este crime é dever de todos”, pontuou.
A jovem de 17 anos, Arielly Moraes, está se preparando para estudar Direito. “ Vou ser advogada e quero trabalhar na área de gênero. Foi muito boa palestra, mostrou o que acontece na sociedade e que não devemos ter medo, temos que mostrar que temos direitos. Aqui na cidade eu vejo o machismo nas ruas quando nós mulheres passamos e os homens ficam olhando e falando coisas desagradáveis, independente da roupa que estamos usando”, desabafou
“Sou apaixonada por essa mulher, a palestra tocou em dois pontos muito importantes, o primeiro foi incentivar que os vizinhos denunciem se souberem de agressões e o outro foi a capacitação das pessoas nas delegacias para receberem as vítimas", disse a aposentada Clodocilda Melo, de 65 anos.
Também estiveram presentes no seminário o ex prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Elias Gomes; a representante do Comitê Contra o Feminicídio do Território Estratégico de Suape, Isabel Santos; o presidente da Câmara dos vereadores, Mozart Bruno; secretários da gestão municipal e outras autoridades.
POR: BRUNA BORGES
FOTO: OHANA CHAGAS
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